6.11.08

NOTAS MUSICAIS

NOVOS BAIANOS

ENTREVISTAS

Eduardo Damm, compositor e vocalista da Formidável Família Musical

Nelson Rufino: 45 anos de Saudosismo

DIREITO AUTORAL

Pelo direito do autor: editoras

Fórum Nacional de Direito Autoral

NEM A MORTE SEPARA
Onze dias depois Anália vai para Maracangália


CAYMMI



Simplismente, Caymmi

Nelson Rufino: 45 anos de saudosismo




Ele vê o tempo dedicado a determinada obra passear nas ondas sonoras emitidas pelas maiores vozes do samba nacional. Isso é motivo de alegria. Mas nem sempre foi assim. Nelson Rufino de Santana, ou para os amantes do samba, apenas Nelson Rufino, já começou com saudade.

A saudade da mãe foi o motivo para a primeira música. Numa noite, ao receber uma carta da irmã dizendo que, ou voltava ou a mãe morreria de tédio Nelsinho pegou o violão e começou a compor. A história tem início no Rio de Janeiro quando nosso compositor tentava ser jogador de futebol. A canção: “Bahia, Meu Primeiro Travesseiro”.

O compositor baiano, mesmo tendo morado no Rio, desmitifica a rivalidade levantada por muitos outros compositores e até mesmo intérpretes que dizem haver uma disputa entre o samba da Bahia e o do Rio de Janeiro. É notório na capital baiana ensaios aos domingos de bandas de partido alto e tribos que cultuam o samba. Óbvio que nada chega perto da Lapa carioca que respira a boemia e o samba.

Para isso, Rufino tem uma simples, porém inteligente explicação. “Lá é como se fosse uma república, uma confraria, porque o Rio adotou a cultura do samba, Salvador não. E por quê? Porque Salvador tem várias vertentes, é riquíssima em criação e recriação, então os caminhos são diversos, não se prendem somente ao samba”, explica o compositor.

Voltando à história
Dez meses, depois de ter estado no Rio, agora, de volta à Bahia, ele foi convocado para compor um samba para o bloco do Tororó. O ano era 1963 e Nelson tinha 19 anos. Em 1965, o Tororó virou escola de samba e, com esse samba-enredo, a escola foi campeã. A partir daí o samba da Bahia, segundo Rufino, se fortaleceu.

Alguns nomes da Música Popular Brasileira (MPB) já gravaram Rufino. Entre eles estão Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Alcione, Clara Nunes, Emílio Santiago, João Nogueira, Paul Mauriat e Mart‘nália, Martinho da Vila, Nara Leão, Elza Soares, além de Jorge Aragão, com quem compôs Colcha de Algodão.

Modo de Fazer
Quanto à “fórmula” para a produção de sambas memoráveis, ele deu algumas pistas, há algum tempo: “Geralmente a inspiração bate à minha porta de madrugada, sou muito madrugueiro. Gosto de cantar quando estou com fome, com vontade, não gostaria de ter uma vida normal de artista porque gosto de cantar com o coração, com a emoção, não por obrigação. Tem dias em que fico com vontade de fazer uma farra e, aí, em qualquer birosca que aparece, eu peço um mi maior e já vou cantando”.

Ele sabe falar das flores


Eduardo Damm, 31 anos, é compositor, vocalista e violonista da banda Formidável Família Musical. Suas canções têm como principal característica melodias assobiáveis e acordes maiores, que se utilizam de elementos do folk rock e da MPB para transmitir alegria e satisfação ao viver dos ouvintes. Dentre elas destacam-se: “Amar é...” , presente no primeiro EP do o primeiro EP do grupo, quando ainda se chamavam ZecaCuryDamm e “O Bem Sempre Vence no Final”, concorrente a melhor Canção do Ano no Prêmio Bahia de Todos os Rocks. Com público formado na cidade de Salvador, a Formidável Família Musical alçou repercussões maiores indo para o Rio de Janeiro. Nesses dias de primavera, bem ao estilo flower pregado pela banda, eles gravam o primeiro disco por gravadora no projeto Som Livre Apresenta. Abaixo uma entrevista com Damm sobre a sua relação com a Deusa Música:


IB: Damm, quando você descobriu o universo da composição? Lembra como surgiu a sua primeira canção?

Damm: Comecei a compor com uns 14, 15 anos... Músicas que falavam sobre meus amigos, amores e loucuras. Tudo sem compromisso nenhum. Sinceramente não me lembro qual foi a primeira música que me veio.

IB: Que instrumento você costuma utilizar na hora de compor?
D: O violão. Sempre ele. Me dou muito bem com ele na hora de compor e arranjar.
IB: Há momentos em que trabalha na composição ou ela costuma vir como um estalo de inspiração? Faz uso de aditivos que abrem os poros da criatividade?
D: Sempre estalo. Apenas “O bem sempre vence no final” e “Summertime” que escrevi meio que querendo provar a mim mesmo que podia "compor" no sentido gramatical da palavra. Quanto aos aditivos... Não adicionam nada. Talvez só me deixem mais tranquilo para analisar mais profundamente a canção...depois de pronta. Tá bem! É bom sim pra arranjar... Hehehehehe
IB: E quando esse estalo surge e você não tem um instrumento à disposição?

D: Uso o melhor MP3 player que existe pra gravar. A mente.

IB: Relate uma história curiosa de uma das suas composições?

D: Má compania. Fala sobre uma parceria má elaborada com pessoas que trabalharam comigo.Não deu certo mesmo.Algum tempo depois uma destas pessoas me encontrou numa reunião com o dono de uma casa noturna de SSA e falou pro dono da casa que ele estava em má companhia. Fiz o trocadilho com compania (referindo a Compania que tinha criado com esta pessoa...) o resto vc ouve no Myspace...

IB: Que diferenças você vê entre compor sozinho e compor em parceria? Como alcançar a afinação com as idéias musicais do outro?
D: Cara, fico sempre muito acanhado para responder esta pergunta. Mas eu vejo assim...
Você já viu um quadro pintado por 2 pintores? Ou escultura executada por 3 ou 4 escultores? Pois é... "Compor" como se diz por ai...De galera... Eu não acredito muito não, sabe? Acho difícil compor em parceria. Arranjar já é outra praia. Cria-se todo um referencial uma vez que a melodia, as ideias, tudo já foi desenvolvido pelo compositor. Ai fica fácil de discutir e trabalhar em grupo uma canção.

IB: O que lhe motiva a compor? Musas? Alegrias? Dores?
D: Pessoas, situações e possibilidades. Melhor, tudo.

IB: Damm faz música "para"(com que finalidade)?
D: Já fiz pra reclamar, apontar, protestar. Hoje com a Formidável Família Musical faço para mudar o que está ao meu redor pra melhor. Esquema corrente do bem.

IB: Você já teve música gravada por outros interpretes? Como é ouvir interpretações diversas da original?
D: Sim. Algumas. É muito divertido pelo fato de que cada um acha algo diferente na canção para se agarrar... Para explorar... Muito divertido. As vezes é estranho e decepcionante também, não vou negar... Mas o que importa é que a mensagem seja (re)passada.
IB: Qual o compositor – de preferência baiano – que mais lhe inspira?
D: São muitos...Gilberto Gil, na Bahia.

IB: Qual foi a sua mais recente composição? Quando ela será lançada?
D: São as que estão no meu Myspace pessoal... Deveria se chamar Ourspace, né?


Para ouvir o som da Formidável Família Musical clique aqui

5.11.08

Pelo direito do autor

Mesmo não sendo obrigatório, o registro oficial é o meio que o artista costuma buscar para conceder proteção a sua obra. Ainda mais nesses tempos de crise dos seus direitos, em que a pirataria se consolida como um mercado paralelo. Mais abrangente que o registro, a editoração das canções abrange o controle de execução e os ganhos diretos dessas canções. O Insight Baiano, afinado com as preocupações da frondosa fonte de criação baiana, garimpou algumas das empresas que oferecem esses serviços em Salvador para serem aqui apresentadas. Começaremos aos sons vindos da Fábrica da Música.

A empresa, que é responsável por gerenciar obras de diversos compositores baianos e também de outros estados, já teve composições gravadas por diversos artistas, como Babado Novo,Chiclete Com Banana,Vixe Mainha, Timbalada, Araketu e Durval Lellis. Como editora, a Fábrica assina contratos de edição com os autores, trabalhando para que as canções sejam gravadas, para que os autores recebam os direitos de vendas de discos e de qualquer outra veiculação da obra, além de defendê-los em quaisquer caso de uso indevido da criação. A empresa também atua como produtora fonográfica e presta assessoria artística.

2.11.08

Fórum Nacional de Direito Autoral

O Ministério da Cultura (Minc), há um ano, lançou o Fórum Nacional de Direito Autoral. Com prazo de validade previsto para o final de 2009, ele pretende debater com a sociedade a situação do direito autoral no país, para subsidiar a política autoral do Minc e promover a possível revisão da legislação existente, além de redefinir a posição do Estado nessa seara.

Já houve discussões. Nesses momentos, prevaleceu o espírito democrático que permitiu a pluralidade de opiniões e de propostas para o tema em discussão. Segundo os participantes um consenso parece que foi alcançado: que é necessário preservar, fortalecer, promover e aperfeiçoar a gestão coletiva dos direitos autorais. Ninguém questionou a importância da gestão coletiva para os autores e demais titulares de direitos.

No entanto, os dirigentes das associações de gestão coletiva na área musical ouviram muitas críticas. Dos representantes de usuários, vieram queixas sobre os critérios de cobrança. Já de alguns de seus associados vieram reclamações referentes à transparência das entidades e até questionamentos quanto ao efetivo alcance da representatividade das associações. Autores também protestaram em razão dos processos judiciais que sofrem, simplesmente por externarem publicamente denúncias do que julgam ser práticas irregulares.
Por outro lado, os dirigentes tiveram a plena liberdade e oportunidade de apresentar suas argumentações e contra-argumentações, refutando as críticas sofridas.

Quanto à necessidade de alterações na legislação, tivemos um largo espectro de opiniões. Uns acharam precipitado e desnecessário; outros defenderam mudanças pontuais, enquanto alguns pleitearam mudanças de maior alcance.

De qualquer forma, para os autores de algumas categorias de obras as modificações são prementes, como no caso dos autores e artistas de obras audiovisuais. Eles reivindicam o mesmo direito que é garantido aos autores de obras musicais, que não lhes é reservado na lei atual: a remuneração pela exibição pública de suas obras. De fato, trata-se de um tratamento desigual que deve ser corrigido.
Da mesma maneira, uma melhor regulamentação do direito de seqüência parece ser outra modificação necessária, de suma importância para os autores de artes visuais.

Outro aspecto que parece ensejar mudanças na lei é a necessidade de regulamentação da remuneração pela cópia privada. Seria uma forma de compensar os autores pelas perdas geradas com a circulação descontrolada de obras no ambiente digital.